Tendo em vista que a Teoria Hipodérmica tinha uma visão
limitada, a Teoria das Influências Seletivas se posicionou como uma
teoria mais completa, pois percebia as individualidades do individuo, tanto
social, como psicologicamente.
Dentro desta teoria podemos destacar:
* A Teoria das Diferenças Individuais, que tem
a psicologia como base. Essa teoria aponta que os indivíduos possuem diferentes
constituições psicológicas (necessidades, habilidades, crenças, valores) e
busca entender como essas diferenças se distribuem pela população.
* A Teoria das Diferenças Sociais, ela
evidencia que os membros de uma sociedade urbana industrial não são todos
semelhantes e podem ser classificados ou distribuídos em categorias sociais,
desde que compartilhem características semelhantes (religião, etnia, profissão,
nível de renda e classe social).
* A Teoria da Aprendizagem Social ou Teoria
dos Relacionamentos Sociais tem uma proposta semelhante à teoria anterior, mas
centrada na ideia de que o indivíduo é modelado pelo meio social. Essa teoria
analisa os efeitos da comunicação de massa a partir de variáveis independentes
(como a extensão do material veiculado pelos meios de comunicação de massa e o
número de vezes que era repetido). E analisa também o tempo em que um indivíduo
era capaz de memorizar uma mensagem em função do número de vezes que essa
mensagem era repetida.
O
estudo das Diferenças Individuais conduziu aos estudos sobre a segmentação
do mercado, que levava em conta a amplitude das diferenças individuais
tendo em vista a compreensão e criação de estratégias para a venda de bens,
políticas e comportamentos favoráveis à sociedade.
Para
alcançar as metas desejadas, as mensagens persuasivas deveriam ser feitas para
atender aos interesses de um segmento específico da população. A ideia de que
uma mensagem geral bastava para tudo e atingia uniformemente toda a audiência
desejada contrapôs-se a essa ideia de segmentação de mercado.
Com
isso, antes de uma campanha publicitária ser concebida, era necessário
identificar as características específicas das pessoas para as quais as
mensagens seriam dirigidas. Surgindo assim a necessidade da pesquisa de mercado, que objetivava
identificar fatores como preferências dos consumidores, hábitos de compra e
comportamentos de consumo.
Segundo
Mauro Wolf, estas teorias estão englobadas dentro da Abordagem
Empírico-Experimental, que se trata da revisão do processo
estímulo-resposta (defendido pela Teoria Hipodérmica). Essas abordagens
estudavam os efeitos dos meios de comunicação de massa numa situação de
campanha, apontando para um estudo da eficácia (ou para a ineficácia) dos
processos de persuasão, partindo da ideia de que é possível obter resultados
esperados (de persuasão) se as mensagens forem adequadamente estruturadas.
Nas
abordagens dos efeitos seletivos a questão chave era a persuasão.
Persuadir o destinatário, fazer com que ele adquira novos hábitos de
comportamento ou consumo é um objetivo possível se a forma de organização da
mensagem for adequada aos fatores pessoais que o destinatário ativa quando
interpreta a mensagem.
Também dentro da perspectiva da influência seletiva, Wolf
categoriza a abordagem empírica de campo ou “dos efeitos limitados”.
Esta análise associa os processos de comunicação de massa às características do
contexto social em que esses processos realizam-se com base no estudo da
composição diferenciada do público.
Esta pesquisa demonstra que a mensagem dos meios de
comunicação de massa é rejeitada quando entra em conflito com as normas do
grupo e mostra que as mensagens dos meios de comunicação são consumidas de
forma seletiva.
Dentro das Teorias das Influências Seletivas, Lasswell se
dedicou a questões ligadas à propagada, opinião pública e eleições. O modelo
Lasswelliano propõe: análise de controle ou do emissor; análise de conteúdo ou
das mensagens; análise das mídias/ou suporte/ou canal; análise da audiência ou
do receptor; e análise dos efeitos.
Também dentro da perspectiva das influências seletivas,
Berelson e McPhee analisaram o papel dos líderes de opinião e dos
limites ou condicionamentos que o receptor impõe aos meios de comunicação.
Líder
de opinião é definido como setor da população mais ativo na participação nas
decisões do processo da formação de atitudes. O líder de opinião pode ser
encontrado e vário grupos sociais e, nem sempre, está ligado à questão de
hierarquia. Com isso, o fluxo de comunicação passa a ser visto como um processo
em duas etapas: primeiro, da mídia para os indivíduos particularmente bem
informados, e o segundo, por meio de canais interpessoais para os indivíduos
menos expostos diretamente à mídia e que dependem do primeiro grupo para obter
informações e formar opinião. Sendo assim, o primeiro grupo exerce o papel de
líder de opinião.
A teoria do “two step flow”, ou fluxo de comunicação em dois
tempos, prega que o resultado global de um processo de comunicação deve ser
compreendido a partir da análise das interações recíprocas que se estabelecem
entre os destinatários.
Essa visão conclui que a comunicação não produz efeitos
comportamentais ou mudanças diretas de atitude nos receptores, uma vez que a
influência dos meios de comunicação passa por um filtro representado pelos
líderes dos grupos. Esses estudos também
demonstram que as pessoas selecionam o conteúdo dos meios de comunicação de
massa, desprezando aqueles que entram em conflito com suas ideias mais
profundas. Está claro que a comunicação interpessoal tem maior capacidade de
influenciar do que a comunicação de massa, pois os indivíduos tendem a seguir
os líderes de opinião.
Lasswell identifica três efeitos da comunicação de massa: a
ativação, o reforço e a conversão. Esses estudos são centrados na composição diferenciada
do público e na mediação social que ocorre no consumo, a partir de três
diferentes pontos: a análise do conteúdo, as características dos ouvintes e o
estudo sobre as satisfações.
Assim, enquanto a Teoria Hipodérmica vê nos meios de
comunicação de massa a possibilidade de controle social, e a abordagem
empírico-experimental sustenta que através dos meios de comunicação de massa é
possível a persuasão, a abordagem empírica de campo entende que os meios de
comunicação podem influenciar seus receptores.

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