Essa linha de pesquisa propagou-se a
partir do estudo do comportamento humano, entendendo que existe uma
regra do comportamento que os seres humanos utilizam nas relações interpessoais
e que afetam a comunicação.
Nesse sentido, os pesquisadores do
Colégio Invisível repudiavam a ideia de um esquema linear ou simplificado da
comunicação, buscando pesquisar comunicação com base em seus vários níveis
de complexidade, contextos múltiplos e sistemas circulares, em que o
receptor tem tanta importância quanto o emissor.
A Escola de Palo Alto entendia que é
impossível não se comunicar. A comunicação é vista como um processo
permanente que integra vários tipos de comportamentos verbais e não verbais que
compõem um conjunto integrado.
·
Princípios
Fundamentais do Colégio Invisível:
1) A essência da comunicação reside em
processos relacionais e interacionais.
2) Todo comportamento humano possui um
valor comunicacional.
3) Observando a sequência de mensagens
sucessivas e a relação entre os elementos e o sistema, é possível deduzir a
lógica da comunicação.
Estudo
dos Efeitos em Longo Prazo:
A mídia volta a ser enfocada como elemento
que interfere no comportamento social quando o estudo dos efeitos,
que durante muito tempo esteve limitado aos pressupostos básicos da teoria
hipodérmica, ganhou uma nova força, no momento em que o enfoque deixa de ser
“os efeitos imediatos” e passa a ser “os efeitos em longo prazo”.
Essa análise baseia-se na noção de que
os Meios de Comunicação de Massa não alteram diretamente o conjunto explícito
de ideias e ações de uma sociedade, mas afetam essas ideias e ações uma vez que
tendem a influenciar a maneira como o indivíduo organiza a sua imagem do
ambiente social.
Mais do que nunca, a comunicação de
massa passa a ser vista como um processo que deve ser analisado por meio do
conhecimento de sua dinâmica interna e nas suas relações com outros processos
comunicativos, com base em quatro características atribuídas aos meios de
comunicação de massa: a acumulação, a consonância, a onipresença e a relevância.
O estudo desses quatro pontos indica
que a opinião pública regula-se pela opinião reproduzida pelos meios de
comunicação de massa e adapta-se a ela
mediante um esquema de conjecturas que se auto verificam.
Uma segunda área de pesquisa
comunicativa que ganha espaço é o estudo sobre os emissores e sobre os
processos produtivos nas comunicações de massa e, especialmente, nos produtores
de notícia. Essa abordagem teórica, conhecida como teoria construcionista da
notícia ou Newsmaking, problematiza a ideia do jornalismo como um
espelho inerte no qual se refletiria a sociedade. Nessa perspectiva teórica, a
forma como a notícia é produzida influi no seu resultado.
O ponto de partida desse estudo é a
constatação de que a produção de um veículo de comunicação exige o
estabelecimento de rotinas de trabalho ou rotinas de produção.
Até o desenvolvimento dos estudos
sobre rotinas produtivas, os estudos sobre emissores focalizavam principalmente
os aspectos ideológicos e as ligações e interesses políticos e comerciais dos
proprietários e dirigentes dos veículos de comunicação.
A
pesquisa centrada nas análises das rotinas produtivas dá atenção aos níveis
mais baixos das operações produtivas, as rotinas de trabalho, mas, em geral,
não se aprofundam nas questões de planificação econômica e programação
política.
O
estudo dos processos produtivos parte do pressuposto inicial de que, como
qualquer organização complexa, os meios de informação não podem deixar de
estabelecer rotinas de trabalho: “o mundo é burocraticamente dividido pelos
jornalistas”.
Dentro desses estudos, destacam-se
os chamados estudos sobre gatekeeper. Gatekeeper é o jornalista que atua
como porteiro ou selecionador, deixando ou não passar a informação e, dessa
forma, determinando se ela será ou não publicada. Assim, fica claro que, na
seleção das notícias, as normas ocupacionais profissionais e organizacionais são
mais fortes do que as preferências pessoais; ou seja, os jornalistas tendem a
seguir as normas e orientações ditadas pela linha editorial do jornal.
O conceito de gatekeeper foi
utilizado para estudar o desenvolvimento da notícia dentro dos canais organizados
dos órgãos de informação, visando identificar os pontos que funcionam como
cancela.
A manipulação da notícia deixa de
ser vista exclusivamente como resultado das pressões externas e é compreendida
como uma distorção inconsciente ou distorção não desejada, mas ligada às
práticas profissionais, às rotinas produtivas normais, aos valores partilhados
e interiorizados acerca do modo de desempenhar a função de informar. Em função
disso, podemos dizer que as normas e limitações que são parte do trabalho jornalístico
acabam por determinar os critérios fundamentais que orientam a seleção dos
acontecimentos e sua divulgação.
* Os critérios de valorização da
notícia são:
- Critérios substantivos: são o grau
e nível hierárquico dos indivíduos envolvidos no acontecimento noticiável, o
impacto sobre a nação e sobre o interesse nacional, a quantidade de pessoas
envolvidas no acontecimento, a relevância e significância do acontecimento
quanto à evolução futura de uma determinada situação;
- Critérios do produto: disponibilidade
de matérias e características específicas do produto informativo. Constitui
notícia aquilo que altera a rotina, as aparências normais.
- Critérios relativos aos meios de
comunicação: quantidade de espaço ou de tempo de transmissão que uma notícia
pode ocupar.
- Critérios relativos ao público:
papel que a imagem dos jornalistas tem do público.
- Critérios relativos à
concorrência: A competição também tem como consequência contribuir para a
formação de parâmetros profissionais, dos modelos de referência, que por si só
constituem elementos de distorção.
Dessa forma, é possível dizer que o
newsmaking (o fazer notícias) é um estudo que se articula em dois limites: a
cultura profissional dos jornalistas e a organização do trabalho e dos
processos produtivos; e está estreitamente relacionado com a rotinização das
práticas produtivas.
O conceito de noticiabilidade
baseia-se na admissão de que a notícia é o produto de um processo organizado a
partir de uma perspectiva prática dos acontecimentos, com o objetivo de reunir
os fatos, avaliá-los de forma simples e direta e transformá-los em notícia para
os espectadores.
Os 'valores notícia' são critérios
ou fatores que determinam quais os acontecimentos devem passar da existência
privada como fato e ganhar a existência pública de notícia e que constituem um
fator de distorção involuntária.
Nessa distorção, existe um efeito
comutativo: diversas fases e rotinas produtivas contribuem para provocar e
reforçar a distorção involuntária, que ocorre de forma independente de
consciência e da intenção do jornalista, estando ligada à organização interna
das empresas jornalísticas ou que atuam em áreas jornalísticas, e do trabalho
dentro da redação.
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