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terça-feira, 15 de novembro de 2011


       Esse paradigma entende que o desenvolvimento humano é consequência ou está diretamente ligado ao domínio das ferramentas e a seu desenvolvimento tecnológico. Diversas correntes dos meios de comunicação de massa dedicavam-se aos estudos do conteúdo das mensagens, apenas nos anos 1950 começou a surgir a preocupação com os efeitos das tecnologias da comunicação como aceleradoras de mudanças sociais.
         Marshall McLuhan partiu do princípio segundo o qual as transformações ocorridas nas tecnologias, e principalmente nas tecnologias da comunicação, são a principal força da transformação cultural. Ele se propõe a entender como os meios de comunicação se articulam no processo básico de construção da sociedade, que, para ele, é basicamente um processo de comunicação. Para ele, o meio é mais do que um canal, porque modifica a mensagem. Meio é tudo que serve para vincular o homem ao homem, é o próprio ambiente que o homem cria para nele definir o seu papel e nele se afirmar. O meio é um prolongamento de um sentido humano. Já os meios eletrônicos são a própria extensão do sistema nervoso.
         McLuhan analisa os meios de comunicação a partir de sua ligação com as transformações antropológicas e simbólicas, atribuindo ao desenvolvimento tecnológico a função de motor do desenvolvimento social. Ele entende que as novas tecnologias da comunicação afetam a sensibilidade individual e coletiva: os meios de comunicação, isto é, tudo aquilo que cria vínculos entre dois ou mais indivíduos (seja a fala, roupas, meios de transporte, etc.) determina o "meio ambiente" ou espaço social em que o homem vive.
         O desenvolvimento de cada um dos meios de comunicação exerce um tipo de influência decisiva na ação social do indivíduo e na própria estruturação social, transformando o modo de o homem entender a si mesmo.
         Para McLuhan, a informação técnica é informação nova, inquietante, perturbadora. O impacto físico e social das novas tecnologias da comunicação ou novos meios estrutura a relação espaço/tempo, o que acaba por estruturar também a maneira como o homem organiza o seu raciocínio e a sua vida. Dessa forma, as transformações tecnológicas passam a ser geradoras de implicações políticas e ideológicas.
         A Escola Canadense entende que as sociedades humanas são moldadas pelos meios através dos quais se comunicam e faz uma releitura da história da humanidade a partir dos impactos produzidos pela tecnologia na percepção do mundo e as consequências destas mudanças na organização social.
         Outro ponto relevante nesses estudos é a importância do caráter subliminar dos efeitos dos meios de comunicação. Culturas inteiras podem ser modificadas ou controladas pela implantação de novos meios de comunicação.
         McLuhan critica os "idiotas tecnológicos", que têm a sua atenção centrada nos conteúdos dos meios de comunicação, e entende que o mesmo conteúdo transmitido por meios diferentes terá efeitos sociais diferentes. Os efeitos de um determinado meio de comunicação são inseparáveis do próprio meio; portanto, controlar os meios mediante o controle do conteúdo é uma ilusão.
Em função disso, ele desloca os estudos de comunicação da questão do conteúdo das mensagens para o estudo dos meios. Nessa perspectiva, acaba invertendo a maneira de olhar a sociedade e vendo a atuação dos meios de comunicação como fator fundamental ao processo histórico. As novas tecnologias são vistas como fatores que modificam a sociedade, gerando mudanças comportamentais significativas.
Para McLuhan, as tecnologias são "organismos vivos" que oscilam entre o frio e o quente. Nenhuma tecnologia, entretanto, é fria ou quente definitivamente ou em termos absolutos. No momento em que surge, a tecnologia tende a impactar (a produzir impacto quente) sobre a sociedade e as tecnologias anteriores, mudando a forma de esta sociedade olhar para si mesma e para o mundo.
Veículos Quentes: São aqueles que prolongam um único sentido por meio da alta definição (de um dos sentidos) e do máximo de informação. A mídia é quente quanto maior for o volume de informação, quanto menor requer a intervenção do receptor.
Veículos Frios: Envolvem todos os sentidos, mas têm menos informação e baixa definição. A mídia é fria quando deixa lacunas de sentido no conteúdo transmitido.
A diferença entre os meios quentes e frios está na maneira pelas quais são percebidas as mensagens que esses meios veiculam. A exposição aos meios frios, esfria (torna mais racionais e menos emocionais) os indivíduos e grupos sociais, assim como a exposição aos meios quentes esquenta (torna mais emocionais) os indivíduos e sociedades.
A cultura tribal oral era plural e difusa. Essa percepção do mundo permitia ao ser humano absorver uma grande quantidade de sensações ao mesmo tempo. Ver, ouvir, tocar, sentir odores e degustar. Essas sensações se inter-relacionam na própria consciência, formando reações e percepções imediatas.
Assim, a cultura oral/tribal, portanto, anterior ao desenvolvimento da escrita, resultava numa percepção de mundo fragmentada (não linear). O surgimento da escrita e, principalmente, dos meios técnicos de impressão (que permitem a produção de livros a um custo mais acessível) leva a uma captação individual, impessoal e solitária das mensagens e conduz o pensamento humano a uma lógica linear.
A Escola Canadense entende que os meios de comunicação de massa eletroeletrônicos propiciam a inversão da tendência gerada pelo mundo da mecanização e da predominância do material impresso e gera uma nova tendência de reconstituição de um relacionamento pré-Gutenberg, ou seja, o retorno da oralidade, da visão fragmentada e não linear. Esse novo mundo, ligado pela tecnologia, torna-se a aldeia global.
           Galáxia de Gutenberg: A imprensa transforma a visão em um sentido privilegiado do ser humano e dá origem a um novo tipo de homem: mais lógico, disciplinado, mas com grande capacidade criativa.
Aldeia Global: É o mundo ligado pelos meios de comunicação eletrônicos, que permitem a volta à oralidade, à visão e à lógica não linear. A visão da tribo, da aldeia.
O Meio é a Mensagem: Expressão criada por McLuhan. Na visão, o que importa é o efeito mental imediato dos meios de comunicação e não as mensagens que veiculam.
De uma maneira geral, podemos dizer que, apesar da distância histórica, as ideias de McLuhan ganharam uma nova força com as transformações decorrentes da introdução do computador e da internet, e obtiveram um novo impulso na análise de questões decorrentes das mudanças no comportamento do receptor em função das interfaces e interatividade desse meio.
As possibilidades técnicas têm gerado dispositivos de comunicação com o potencial de transformar o modo como o homem se relaciona consigo mesmo, com o seu trabalho e com o mundo que o rodeia. A emergência desses novos comportamentos, novas formas de interação e novos processos de sociabilidade.
Os indivíduos e grupos sociais desenvolvem novos espaços de sociabilidade, representados por comunidades virtuais, contatos não presenciais em diversos níveis e novas formas de interação através de avatares, corpos e personalidades simbólicos, e muitas outras possibilidades de interações tecnológicas, que redescrevem o homem diante das novas tecnologias.
As novas tecnologias da comunicação, portanto, dão início ao fim da modernidade, um período marcado pela fé inabalável na razão e no ideal de progresso técnico-tecnológico, e possibilitam o surgimento do Ciberespaço, um mundo cujos valores se aproximam mais do imaginário, da ludicidade e do sonho. A mídia não cria apenas novas formas de contato social, mas também uma nova ética comportamental, novos costumes, condutas, formas de cognição e até mesmo de manifestos sensoriais.
Na Sociedade da informação, a comunicação está desmassificada e os indivíduos estão equipados com computadores e outras tecnologias que permitem uma sociedade democrática e pluralista com o acesso do público de diferentes níveis sociais e culturais a ideias e informações de todos os tipos. Além de possibilitar uma interação cumulativa entre as inovações tecnológicas e seus usos, gerando novas formas de organização do trabalho, do tempo e do espaço.
Um aspecto negativo dessa nova sociedade é a saturação de informações e o entrelaçamento dos meios de comunicação de massa com outros aspectos da sociedade, que geram consequências como o consumismo e o hedonismo (na sociedade industrializada, o consumo passa a ser o espaço para a diferenciação, para a construção da identidade/personalidade. A compulsão pelo consumo gera o hedonismo, ou individualismo exacerbado), além da falta de originalidade e a fuga para realidades simuladas, a própria fuga da vida.

1 comentários:

Jéssica Saunders disse...

obrigada, me ajudou bastante. ;))

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