Esse paradigma entende que
o desenvolvimento humano é consequência ou está diretamente ligado ao domínio
das ferramentas e a seu desenvolvimento tecnológico. Diversas correntes dos meios de comunicação de massa
dedicavam-se aos estudos do conteúdo das mensagens, apenas nos anos 1950
começou a surgir a preocupação com os efeitos das tecnologias da comunicação
como aceleradoras de mudanças sociais.
Marshall McLuhan partiu do princípio segundo o qual as
transformações ocorridas nas tecnologias, e principalmente nas tecnologias da
comunicação, são a principal força da transformação cultural. Ele se propõe a
entender como os meios de comunicação se articulam no processo básico de
construção da sociedade, que, para ele, é basicamente um processo de
comunicação. Para ele, o meio é mais do que um canal, porque modifica a
mensagem. Meio é tudo que serve para vincular o homem ao homem, é o próprio
ambiente que o homem cria para nele definir o seu papel e nele se afirmar. O
meio é um prolongamento de um sentido humano. Já os meios eletrônicos são a
própria extensão do sistema nervoso.

O desenvolvimento de cada um dos meios de comunicação exerce
um tipo de influência decisiva na ação social do indivíduo e na própria
estruturação social, transformando o modo de o homem entender a si mesmo.
Para McLuhan, a informação técnica é informação nova,
inquietante, perturbadora. O impacto físico e social das novas tecnologias da
comunicação ou novos meios estrutura a relação espaço/tempo, o que acaba por
estruturar também a maneira como o homem organiza o seu raciocínio e a sua
vida. Dessa forma, as transformações tecnológicas passam a ser geradoras de
implicações políticas e ideológicas.
A Escola Canadense entende que as sociedades humanas são
moldadas pelos meios através dos quais se comunicam e faz uma releitura da
história da humanidade a partir dos impactos produzidos pela tecnologia na
percepção do mundo e as consequências destas mudanças na organização social.
Outro ponto relevante nesses estudos é a importância do
caráter subliminar dos efeitos dos meios de comunicação. Culturas inteiras
podem ser modificadas ou controladas pela implantação de novos meios de
comunicação.
McLuhan critica os "idiotas tecnológicos", que têm a sua
atenção centrada nos conteúdos dos meios de comunicação, e entende que o mesmo
conteúdo transmitido por meios diferentes terá efeitos sociais diferentes. Os
efeitos de um determinado meio de comunicação são inseparáveis do próprio meio;
portanto, controlar os meios mediante o controle do conteúdo é uma ilusão.
Em
função disso, ele desloca os estudos de comunicação da questão do conteúdo das
mensagens para o estudo dos meios. Nessa perspectiva, acaba invertendo a
maneira de olhar a sociedade e vendo a atuação dos meios de comunicação como
fator fundamental ao processo histórico. As novas tecnologias são vistas como
fatores que modificam a sociedade, gerando mudanças comportamentais
significativas.
Para
McLuhan, as tecnologias são "organismos vivos" que oscilam entre o frio e o
quente. Nenhuma tecnologia, entretanto, é fria ou quente definitivamente ou em
termos absolutos. No momento em que surge, a tecnologia tende a impactar (a
produzir impacto quente) sobre a sociedade e as tecnologias anteriores, mudando
a forma de esta sociedade olhar para si mesma e para o mundo.
Veículos
Quentes: São aqueles que prolongam um único sentido por meio da alta definição
(de um dos sentidos) e do máximo de informação. A mídia é quente quanto maior
for o volume de informação, quanto menor requer a intervenção do receptor.
Veículos
Frios: Envolvem todos os sentidos, mas têm menos informação e baixa definição.
A mídia é fria quando deixa lacunas de sentido no conteúdo transmitido.
A
diferença entre os meios quentes e frios está na maneira pelas quais são
percebidas as mensagens que esses meios veiculam. A exposição aos meios frios,
esfria (torna mais racionais e menos emocionais) os indivíduos e grupos
sociais, assim como a exposição aos meios quentes esquenta (torna mais
emocionais) os indivíduos e sociedades.
A
cultura tribal oral era plural e difusa. Essa percepção do mundo permitia ao
ser humano absorver uma grande quantidade de sensações ao mesmo tempo. Ver,
ouvir, tocar, sentir odores e degustar. Essas sensações se inter-relacionam na
própria consciência, formando reações e percepções imediatas.
Assim,
a cultura oral/tribal, portanto, anterior ao desenvolvimento da escrita,
resultava numa percepção de mundo fragmentada (não linear). O surgimento da
escrita e, principalmente, dos meios técnicos de impressão (que permitem a
produção de livros a um custo mais acessível) leva a uma captação individual,
impessoal e solitária das mensagens e conduz o pensamento humano a uma lógica linear.
A
Escola Canadense entende que os meios de comunicação de massa eletroeletrônicos
propiciam a inversão da tendência gerada pelo mundo da mecanização e da
predominância do material impresso e gera uma nova tendência de reconstituição
de um relacionamento pré-Gutenberg, ou seja, o retorno da oralidade, da visão
fragmentada e não linear. Esse novo mundo, ligado pela tecnologia, torna-se a aldeia
global.

O
Meio é a Mensagem: Expressão criada por McLuhan. Na visão, o que importa é o
efeito mental imediato dos meios de comunicação e não as mensagens que
veiculam.
De
uma maneira geral, podemos dizer que, apesar da distância histórica, as ideias
de McLuhan ganharam uma nova força com as transformações decorrentes da
introdução do computador e da internet, e obtiveram um novo impulso na análise
de questões decorrentes das mudanças no comportamento do receptor em função das
interfaces e interatividade desse meio.
As
possibilidades técnicas têm gerado dispositivos de comunicação com o potencial
de transformar o modo como o homem se relaciona consigo mesmo, com o seu
trabalho e com o mundo que o rodeia. A emergência desses novos comportamentos,
novas formas de interação e novos processos de sociabilidade.
Os
indivíduos e grupos sociais desenvolvem novos espaços de sociabilidade,
representados por comunidades virtuais, contatos não presenciais em diversos
níveis e novas formas de interação através de avatares, corpos e personalidades
simbólicos, e muitas outras possibilidades de interações tecnológicas, que
redescrevem o homem diante das novas tecnologias.
As
novas tecnologias da comunicação, portanto, dão início ao fim da modernidade,
um período marcado pela fé inabalável na razão e no ideal de progresso
técnico-tecnológico, e possibilitam o surgimento do Ciberespaço, um
mundo cujos valores se aproximam mais do imaginário, da ludicidade e do sonho.
A mídia não cria apenas novas formas de contato social, mas também uma nova
ética comportamental, novos costumes, condutas, formas de cognição e até mesmo
de manifestos sensoriais.

Um
aspecto negativo dessa nova sociedade é a saturação de informações e o
entrelaçamento dos meios de comunicação de massa com outros aspectos da
sociedade, que geram consequências como o consumismo e o hedonismo (na
sociedade industrializada, o consumo passa a ser o espaço para a diferenciação,
para a construção da identidade/personalidade. A compulsão pelo consumo gera o
hedonismo, ou individualismo exacerbado), além da falta de originalidade e a fuga
para realidades simuladas, a própria fuga da vida.
1 comentários:
obrigada, me ajudou bastante. ;))
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